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Vanessa Ricarte: Delegadas param atendimentos após denúncias de negligências - Difusora FM 99.5

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Vanessa Ricarte: Delegadas param atendimentos após denúncias de negligências

Ontem foi um dia longo na Casa da Mulher Brasileira de Campo Grande, principalmente na repartição pública mais importante do condomínio localizado próximo ao aeroporto, a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).

Por volta do meio-dia, nove delegadas de polícia que trabalham no local saíram em defesa de outras três colegas e colocaram seus cargos à disposição. O dia terminou com todas elas ainda trabalhando no local e com o atendimento prosseguindo normalmente.

Em meio a tudo isso, houve ameaça das profissionais, ato que poderia paralisar as atividades da Casa da Mulher Brasileira de Campo Grande, a primeira do Brasil, inaugurada há 10 anos.

As três delegadas com as quais as colegas se solidarizaram são a titular da Deam, Elaine Cristina Ishiki Benicasa, e as auxiliares Ricelly Donha e Lucélia Constantino.

Elas estão sujeitas a ser alvos do processo disciplinar que investigará omissões, negligências e mau atendimento à jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, que foi assassinada pelo ex-noivo horas depois de buscar auxílio na Deam.

Ricelly, inclusive, ingressou no serviço público em junho do ano passado e ainda está em estágio probatório. Ela assina o boletim de ocorrência em que Vanessa informou a violência doméstica do ex-noivo.

Foi depois de lavrar este boletim, na noite do dia 11, que a jornalista de 42 anos, servidora do Ministério Público do Trabalho, enviou o áudio a uma amiga, desabafando sobre o mau acolhimento na Casa da Mulher Brasileira.

“Eu estou bem impactada com o atendimento da Deam, da Casa da Mulher Brasileira. Eu que tenho toda instrução, escolaridade, fui tratada dessa maneira […]. Assim, sabe? [Se] eu que tenho toda a instrução, escolaridade, fui tratada dessa maneira, imagina uma mulher mais vulnerável, pobrezinha, chegar lá toda vulnerável, sem ter rede de apoio nenhuma. Essas que são mortas, né? Essas que vão para a estatística de feminicídio”, relatou, na ocasião, a jornalista, no intervalo entre um dos atendimentos na delegacia e seu assassinato.

A CATARSE
Desde a publicação das revelações de Vanessa, horas depois de seu sepultamento, na sexta-feira, milhares de mulheres que sobreviveram às agressões de seus companheiros foram às redes sociais relatar que se identificavam com a jornalista vítima de feminicídio.

A catarse provocada pelos áudios em que Vanessa confidencia seu descontentamento com o atendimento e o acolhimento na Deam gerou uma crise em todo o sistema de proteção às vítimas de violência de Mato Grosso do Sul e lançou os holofotes da sociedade sobre a qualidade do trabalho das delegadas.

A classe, desde então, está na defensiva. Na sexta-feira, começaram os “contra-ataques”, feitos por meio da Associação dos Delegados de Polícia de Mato Grosso do Sul (Adepol-MS), atacando o trabalho da imprensa por ter divulgado os áudios.

Na noite de sexta-feira o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, anunciou que o atendimento de Vanessa Ricarte pela Polícia Civil seria objeto de investigação e que ele já estava trabalhando para identificar as falhas no atendimento e melhorar os processos.

No domingo, o governador reconheceu a falha do sistema e reiterou, na noite desta segunda-feira, a falha identificada no atendimento a Vanessa em rede nacional, no programa “Roda Viva”.

O afastamento das delegadas foi colocado em pauta em uma reunião no domingo, mas o comando da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública e a Polícia Civil convenceram o governador a esperar o resultado das investigações antes de falar em qualquer afastamento.

A REBELIÃO
Alvo de críticas em redes sociais e expostas pelo áudio de Vanessa, o grupo de 12 delegadas da Deam se uniu e anunciou que os cargos que ocupam na delegacia estavam sendo colocados à disposição no fim da manhã de ontem.

O anúncio foi feito logo após reunião dos deputados estaduais com diretores da Polícia Civil, o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, e representantes do Poder Judiciário.

Simultaneamente, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, estava reunida com o governador Eduardo Riedel (PSDB) ajustando medidas para otimizar o atendimento na Casa da Mulher Brasileira e, consequentemente, na Deam.

A principal medida ajustada entre o governador e a ministra foi a de filmar todos os atendimentos às vítimas de violência doméstica.

A pressão nas redes sociais, os áudios de Vanessa e a notícia da implementação das medidas para melhorar o atendimento levaram as delegadas a reagir, colocando seus cargos à disposição coletivamente.

Se o governador, o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública ou o delegado-geral da Polícia Civil aceitassem o pedido, não haveria mais atendimento na Deam e as vítimas de violência ficariam desprotegidas.

Depois do blefe ousado das delegadas, a “turma do deixa disso” atuou. Pudera, o sistema poderia entrar em colapso por causa da renúncia coletiva.

O que sobrou do mise-en-scène da manhã foi uma nota pública em que as delegadas da Deam não prestam nenhuma solidariedade à família de Vanessa nem refletem sobre as revelações que vieram a público.

Elas preferiram chamar o teor dos áudios de Vanessa, que chocou muitas pessoas, de “sensacionalismo” e “exploração midiática” de um caso cruel. Vanessa, diga-se de passagem, integrava a imprensa que as delegadas acusaram em nota.

“Expressamos nossa indignação diante dos ataques injustos e sensacionalistas dirigidos à nossa equipe, que se dedica há anos à proteção e à defesa das vítimas de violência”, afirmaram as delegadas no documento endereçado a Eduardo Riedel (PSDB), ao diretor-geral de Polícia Civil, Lupércio de Degerone, e ao secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira.

Elas prosseguiram: “A exploração midiática de um caso tão cruel de feminicídio, movida pela busca por popularidade, desrespeita a memória da vítima e de seus familiares, além de desvalorizar o trabalho sério de policiais que atuam diariamente para garantir justiça”.

Sobre o atendimento, Vanessa expôs no áudio que uma das delegadas sugeriu que ela pedisse ao ex-noivo, via mensagem de texto, que deixasse a casa momentaneamente para que ela fosse buscar as roupas.
Vanessa atendeu à sugestão da delegada e foi acompanhada de um amigo, mas não voltou viva.

Correio do Estado

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