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Por Eliane Freitas
Mais de 180 mil alunos voltam às salas de aula, nesta segunda-feira (17), para mais um ano letivo que se estende até o dia 12 de dezembro, na Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul, com férias previstas entre os dias 17 e 31 de julho.
As equipes escolares já iniciaram os trabalhos no dia 3 de fevereiro e agora recebem os estudantes que passam a vivenciar uma nova realidade dentro da escola, com a proibição do uso de aparelhos celulares, seja nas aulas ou nos intervalos, conforme determina a recente lei em vigor, que proíbe qualquer dispositivo eletrônico, em ambiente escolar, com exceção ao uso para atividades didáticas, sob supervisão dos educadores.
Para o psicólogo Wellington Muniz, que atende em seu consultório, em Três Lagoas, muitas crianças e adolescentes, “a mudança é benéfica em muitos sentidos e claramente ajuda muito no desenvolvimento educacional do aluno, principalmente nesta fase de aprendizagem. Com maior foco nas aulas e melhor interação social com os colegas e professores.”
Mas como lidar com numa mudança vista como radical para uma geração que nasceu com as telas nas mãos? O psicólogo explica que reflexos negativos podem surgir no começo, mas a tendência é uma adaptação rápida, pois nesta idade, o cérebro ainda está passível de regulação.
“Uma oportunidade para os pais ou responsáveis por crianças e adolescentes implantarem limites em casa, também, pois o excesso de telas tende a prejudicar muito o desenvolvimento de uma criança e compromete o rendimento escolar, o que futuramente pode refletir no comportamento adulto em relação a outras obrigações que a vida nos impõe”, destaca Wellington Muniz.
Para que a mudança seja melhor conduzida, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) lançou recentemente dois guias para a orientação das escolas sobre o uso consciente de celulares no ambiente de ensino. As publicações abordam os benefícios e malefícios do aparelho no processo de aprendizagem e propõem estratégias para o uso pedagógico responsável dos aparelhos.
Os manuais podem ser baixados na plataforma mecred.mec.gov.br e entre o conteúdo, apresentam exemplos de instituições de ensino, no Brasil e no exterior, que implementaram restrições ao uso de celulares com foco no bem-estar dos alunos.
Na cartilha voltada para as escolas, um dos tópicos chama atenção sobre o uso inadequado de celulares e os impactos na saúde mental e física dos estudantes: “Diversos problemas da infância e adolescência no Brasil, tais como o aumento dos índices de ansiedade e depressão — especialmente entre meninas —, bem como a incidência de autolesões e suicídios, estão diretamente ligados ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos”.
Segundo a cartilha, “entre crianças avaliadas por uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 72% tiveram aumento da depressão associado ao uso excessivo de telas (2023). Em paralelo, um levantamento da Fiocruz revelou aumento de 6% na taxa de suicídio no Brasil entre pessoas de 10 a 24 anos no período de 2011 a 2022. Além disso, o índice de mutilações cresceu 29% nesse mesmo intervalo”.
Além disso, as publicações trazem uma lista de Estados que já restringiram há tempos o uso de celulares nas escolas, como Rio de Janeiro, Distrito Federal e Roraima. E lista ainda os países onde a proibição é de longa data, como Austrália, Canadá, Estados Unidos, Espanha, Finlândia, Holanda, Itália e Portugal.