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A Petrobras pretende investir R$ 252,3 milhões no ano que vem para retomar as obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3), localizada em Três Lagoas. O valor representa 6,82% dos R$ 3,7 bilhões estimados pela estatal para colocar a unidade em pleno funcionamento, conforme dados apresentados pelo governo federal na Lei Orçamentária Anual (LOA) 2025 – que fixa os investimentos – apresentada ao Congresso.
O uso desse recurso é reforçado pela declaração do diretor-executivo de Processos Industriais e Produtos da Petrobras, William França, sobre a previsão de que a diretoria da Petrobras, no primeiro trimestre de 2025, leve ao conselho de administração da estatal a proposta de retomada das obras da UFN3.
A declaração foi dada em entrevista ao site Estúdio Eixos, durante o Congresso ROG.e, que ocorreu entre os dias 23 e 26 deste mês, no Rio de Janeiro, que debate sobre o segmento de energia.
A previsão era de que o estudo de viabilidade técnica e econômica e o processo de licitação poderiam ser iniciados ainda neste ano para a unidade entrar em operação em 2028.
No entanto, só com a aprovação do projeto de término da obra aprovado pelo conselho da Petrobras é que se torna possível o uso em 2025 dos R$ 252,3 milhões previstos na LOA.
De acordo com a LOA, o órgão responsável pelos investimentos é o Ministério de Minas e Energia, por meio da Petrobras. O documento especifica que os R$ 252,35 milhões serão utilizados na “implantação de Unidade de Produção de Fertilizantes Nitrogenados, com capacidade produtiva de 1.223 mil toneladas ao ano de ureia e 70 mil toneladas por ano de amônia – no Estado de Mato Grosso do Sul”, com um custo total estimado em R$ 3,699 bilhões”.
Porém, o texto ainda depende de aprovação do Congresso Nacional, o que deve ocorrer até o fim deste ano. Embora haja somente agora esse recurso para investimento no orçamento da Petrobras, desde o ano passado está aprovado pelo Conselho de Administração da estatal um plano estratégico de investimentos de US$ 102 bilhões até 2028, incluindo a retomada das obras da UFN3. À época, a companhia anunciou que voltaria a produzir fertilizantes.
A obra da Petrobras começou em 2011 e foi paralisada em dezembro de 2014, com 81% dos trabalhos concluídos. Na época, o valor orçado era de R$ 3,9 bilhões. Agora, o governo federal estima que serão necessários R$ 5 bilhões para produzir 3.600 toneladas de ureia e 2.200 toneladas de amônia por dia, impulsionando o uso do gás natural que vem da Bolívia ao consumir diariamente 2,3 milhões de metros cúbicos.
A construção da UFN3 teve início em 2011, mas as obras foram interrompidas em 2014, por conta do envolvimento de integrantes do consórcio em casos de corrupção. Naquele ponto, a construção estava com cerca de 80% das obras concluídas.
O processo para vender a UFN3 começou em 2018, que incluiu também a Araucária Nitrogenados (Ansa), localizada em Curitiba (PR). A venda conjunta tornou a concretização do negócio inviável.
Em 2019, a gigante russa de fertilizantes Acron chegou a um acordo para adquirir a unidade, mas a crise na Bolívia impediu a finalização do negócio.
No ano seguinte, em fevereiro de 2020, a Petrobras lançou uma nova oportunidade de venda. No entanto, as negociações foram retomadas somente no início de 2022, com o mesmo grupo russo.
Já em 28 de abril de 2022, a Petrobras anunciou que a venda da fábrica para o grupo Acron não havia sido concluída. Ainda em 2022, a Petrobras relançou a oferta de venda da fábrica ao mercado.
Finalmente, em 24 de janeiro de 2023, a estatal declarou o encerramento do processo de comercialização da unidade, gerando expectativas para o reinício das obras.
Correio do Estado