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Marcelly Almeida, de 33 anos, morreu no final da tarde desta terça-feira (23) conforme familiares, a paciente foi “deixada” na ala amarela, da Upa Coronel Antonino, em Campo Grande. Essa teria sido a segunda vez que a mãe de duas meninas recebeu atendimento e o caso dela não foi classificado como prioritário.
A familiar, Marly Lima, tia da jovem, disse que a sobrinha foi deixada em uma cadeira. “E agora pergunto assim quantas Marcelly, quantos Beneditos terão que morrer assim por falta de socorro? Por omissão desse pessoal?”.
Marcelly foi atendida pela primeira vez na segunda-feira (22), conforme relatos da família administraram soro e ela foi liberada pelo médico plantonista. Como não melhorou, voltou para a Upa, Marly ainda relatou que vários pacientes passaram na frente dela.
O marido Thiago Lopes, 39 anos, levou Marcelly para receber atendimento e conversou com uma funcionária explicando que ela não estava bem como resposta, escutou “espera que vou ao banheiro e já atendo ela” e completou:
“Demorou um pouco [a atendente] voltou e falou: ‘não a ficha dela é amarela. Ela aguenta esperar como qualquer outro’. Ela começou a passar mal, disse ‘minha vista está escurecendo’ eu fui lá e avisei. Depois colocaram ela deitada lá dentro e não me deixaram entrar”, contou o marido.
Ainda, segundo Thiago, pediu a para um enfermeiro conhecido que olhasse por Marcelly. “Daí ele atendeu ela e começou os procedimentos e ela começou a piorar”, relatou o marido.
Em dado momento, enquanto era levada para fazer o raio-x, Thiago perguntou a Marcelly o que estava acontecendo, ela apenas respondeu que não estava se sentindo bem. O marido questionou a equipe médica sobre a situação da companheira e disseram que só teria notícias a partir do horário de visita e antes disso escutou “não tem como você saber”.
“Quatro e meia voltei lá e [o profissional da saúde] disse ‘estou fazendo procedimento aqui, você quer que eu te atenda ou faça o procedimento na sua mulher?'”, disse.
O marido relatou que levou a esposa na Upa em torno de 13h30, no entanto, ela só recebeu atendimento por volta das 15h. Além de ter circulado no dia anterior em três Upas da Capital.
Após a triagem, por ser colocada na ala amarela, Marcelly ficou esperando enquanto seu estado de saúde foi piorando. “Na triagem a pressão dela 7 por 4. Já estava mal. Começou a escurecer a vista dela, foi quando pedi ajuda de novo. Foi então que eles levaram ela lá para dentro. Isso foi negligência desse posto”, desabafou.
A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) emitiu nota dizendo que a paciente ao contrário do que relataram os familiares assim que recebeu a cor amarela seguiu diretamente para atendimento médico, tendo ficado em observação. Veja a nota na íntegra:
“A Secretaria Municipal de Saúde (SESAU) esclarece que a paciente deu entrada na UPA Coronel Antonino no início da tarde de hoje, passou por classificação e recebeu a cor amarela, sendo encaminhada diretamente para atendimento médico.
Ela permaneceu em observação sendo medicada e monitorado os sinais vitais no setor de estabilização da unidade, e que devido ao rápido agravamento do quadro clínico precisou ser encaminhada para a sala de emergência.
Na sala de emergência, devido a piora do estado clínico, a paciente evoluiu com uma parada cardíaca sendo intermediada pela equipe de emergência porém sem sucesso.
A SESAU também informa que todo os procedimentos aconteceram dentro do tempo protocolar conforme a classificação de risco, e que lamenta o falecimento da paciente e aguarda o resultados de exames para a elucidação diagnostica”.
A reportagem tentou contatar o secretário de saúde do município, Sandro Benites, mas foi informada pela assessoria que “está de férias”, estando impossibilitado de comentar o caso.
Correio do Estado.