De acordo com a perícia, foram mais de 36 facadas por todo o corpo. Além disso, foram utilizadas duas facas, mas apenas uma foi localizada.
O homem ainda passou 48 horas com o corpo da vítima dentro de casa, vivendo normalmente, após cometer o crime.
“Ele sai de casa, compra um salgado no mesmo bairro, retorna e assim permanece até segunda-feira, quando ele aciona os familiares solicitando atendimento psiquiátrico”, narrou Benicasa.
Segundo a delegada, após conversar com os familiares ele foi por conta própria a um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), onde relatou a uma médica que teria tirado a vida de uma mulher, e que o corpo dela ainda estaria no local.
A médica entrou com contato com a família, que foi até a residência, encontrou o corpo de Cristiane e acionou o Corpo de Bombeiros.
Crime brutal
Em depoimento à polícia, Sérgio Guenka disse que desferiu as mais de 36 facadas por considerar a vítima, que era garota de programa, uma mulher “impura”, e que “a Bíblia fala sobre isso”.
Segundo a delegada, além das falas do autor apontarem para um fanatismo religioso, a própria residência, onde o crime foi cometido, continha muitos símbolos.
“No local se encontra vários objetos referentes à religiosidade, como bíblias e muitos crucifixos, o que vai de encontro ao que ele mesmo disse, de que ele teria que tirar a vida de uma mulher de programa por considerar que as mulheres de programa são mulheres impuras”, afirmou a delegada.
“Ele disse que teve programas com ela outras vezes, mas que neste dia ele simplesmente resolveu tirar a vida dela porque ele chegou à conclusão de que ela seria uma mulher impura, e que a Bíblia fala sobre isso, que elas não devem sobreviver nessa terra”, acrescentou.
O corpo da vítima foi encontrado posicionado em forma de crucifixo, com os braços abertos e os pés esticados um sobre o outro.
“Questionado, ele disse que foi proposital. Ainda riu por diversas vezes no interrogatório, dizendo que ele não quis parecer o Maníaco da Cruz, mas quis sim chamar a atenção do crime para ele. Gostaria, de certa forma, ser famoso por essa hediondez cometida”, disse Benicasa.
Além dos símbolos religiosos, a casa era malcuidada, com objetos “jogados” e sujeira.
“Os locais de feminicídios são locais que denotam essa natureza de crime de ódio, e esse não foi diferente. É um local bastante insalubre, com muita sujeira, resíduos de alimentos, resíduos fecais, muitas roupas espalhadas, não há água na residência”, acrescentou.
Faltavam laudos
Durante depoimento, o autor alegou tomar remédios de tarja preta e ser esquizofrênico e psicótico, mas a perícia não encontrou medicamentos dessa natureza na residência.
“Mas nós estamos abertos para que isso seja apresentado, ou então nós iremos, como já fomos várias vezes, no local do crime em busca desses laudos. Mas a princípio não foi apresentado nada”, concluiu a delegada.
A defesa de Guenka alegava que ele era portador de esquizofrenia paranoide. Guenka estava aguardando para ser submetido a um exame de sanidade mental, mas morreu antes do resultado final.