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Financiamento de imóveis caiu 13,64% no Estado em 2022

Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) apontam que a quantidade de financiamentos de imóveis caiu 13,64% no ano passado em Mato Grosso do Sul. Em 2022, foram negociadas 9.104 unidades habitacionais, ante 10.543 em 2021.

Em cifras, essa queda foi de 1,77%, levando-se em conta que em 2022 foram liberados recursos na ordem de R$ 2,606 bilhões, contra R$ 2,653 bilhões de 2021.

Nos três anos anteriores, os números foram ainda mais baixos. De acordo com a Abecip, em 2020, foram feitos 6.200 financiamentos, com um total de R$ 1,546 bilhão. Já em 2019 o valor foi ainda mais baixo: R$ 975,819 milhões, com 4.038 financiamentos. Em 2018, foram realizados 3.544 financiamentos, que totalizaram R$ 759,076 milhões.

O presidente do Sindicato da Habitação de Mato Grosso do Sul (Secovi), Geraldo Paiva, avalia que o aumento da inflação e dos juros assustou os compradores. Mesmo tendo juros facilitados, os possíveis compradores ficam apavorados com a alta da inflação, prevendo perda do poder aquisitivo.

Para ele, a preocupação com a inflação segue em alta, e a previsão é de que não deverá cair tanto. “Ainda há outra questão, os juros, que também continuam altos”, disse Paiva.

Conforme o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul (Creci-MS), Eli Rodrigues, esse resultado é reflexo das taxas de juros elevadas, o que, no caso dos imóveis populares, acaba encarecendo a compra.

“Quando o financiamento fica mais caro, o interessado em comprar o imóvel espera um pouco mais e passa a investir esse dinheiro. Quando a conta fica meio a meio, os negócios com financiamentos até começam a acontecer, embora o ideal seja essa taxa de juros baixar”, explicou Rodrigues.

JUROS

Na última reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), realizada nos dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro, em decisão unânime, ficou decidido que a taxa básica de juros permaneceria em 13,75%.

Foi a quarta reunião consecutiva de manutenção da taxa Selic, o que reflete as preocupações da autoridade monetária do Brasil com uma eventual reversão da tendência de desinflação em curso.

Apesar da manutenção da taxa e do elevado patamar em que se encontra a Selic neste momento, o Copom manteve o tom duro em relação aos próximos passos da política monetária, ao enfatizar que a autoridade monetária brasileira segue vigilante e não hesitará em aumentar os juros se o movimento de desinflação em curso não ocorrer como o esperado.

Com a taxa básica de juros em 13,75% e com a queda da inflação esperada para o primeiro trimestre de 2023, a expectativa é de que a taxa real de juro continue subindo nas próximas semanas.

Além disso, com o aumento da taxa de juros e o consequente aumento dos rendimentos dos títulos de renda fixa, cresce a procura por ativos financeiros em detrimento dos investimentos produtivos.

Em outras palavras, há um “trade-off” entre investimento em capital produtivo (obras, instalações, veículos, pesquisa e desenvolvimento, etc.) e investimento financeiro (títulos públicos e debêntures, por exemplo).

Quanto maior for o rendimento real – taxa de juros menos a inflação – das aplicações financeiras, menor tende a ser o nível de investimento produtivo e, consequentemente, menor também tende a ser o volume de empregos gerados e o nível de atividade econômica.

Existe ainda o impacto mais imediato ao bolso de consumidores e empresas. Como a taxa Selic está em um patamar significativamente elevado, o custo para que os bancos tomem recursos entre eles e com o Banco Central fica mais alto e acaba sendo repassado ao tomador de empréstimos.

Isso significa que, com a Selic em 13,75%, fica clara a representação de uma continuidade no aumento das taxas de juros para financiamentos imobiliários, de automóveis e até para linhas de crédito para empresas.

A próxima reunião do Copom será nos dias 21 e 22 de março. No fim do segundo dia de reunião, o comitê divulgará o novo valor da Selic.

PROGRAMA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) relançará o Minha Casa Minha Vida (MCMV) amanhã (14), com a entrega de 5.835 unidades habitacionais. Lula estará em Santo Amaro, no recôncavo baiano, para a entrega de um condomínio.

Além da Bahia, o Palácio do Planalto avalia entregas simultâneas em São Paulo, Maranhão, Minas Gerais, Goiás e Paraíba.

Na semana passada, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, pediu empenho por parte da Caixa Econômica Federal para entregar 96 mil casas do Minha Casa Minha Vida, ainda no primeiro semestre deste ano.

Na ocasião, Rui Costa afirmou que, ao todo, o governo prioriza a finalização de 120 mil obras já iniciadas do programa. Segundo o ministro, a maioria dessas casas está com 60% da construção concluída.

O Ministério das Cidades ainda trabalha no levantamento do inventário total de obras paradas, reunindo dados que chegam da Caixa e do Banco do Brasil.

A Pasta tem equipes em diversos estados verificando o estágio das obras e conferindo os dados que são repassados pela Caixa e pelos estados e municípios. O objetivo é evitar surpresas ao marcar inaugurações e conferir dados do ministério com a realidade local.

O programa será relançado priorizando a chamada faixa 1, direcionada às famílias de menor renda e cujo valor é quase todo subsidiado.

No governo de Jair Bolsonaro (PL), o Minha Casa Minha Vida, marca dos governos petistas anteriores, foi substituído pelo Casa Verde Amarela, que privilegiou faixas mais altas de renda e não conseguiu concluir obras.

Atualmente, o programa financia imóveis de no máximo R$ 96 mil para as casas da faixa 1. O governo banca 90% do valor. Conforme amplamente divulgado na mídia nacional, o governo quer financiar imóveis e até R$ 150 mil na faixa 1.

Para o presidente do Creci, no caso do relançamento do programa Minha Casa Minha Vida, mesmo sendo precipitado emitir uma opinião detalhada sobre o que poderá vir, também não se pode negar que há a possibilidade de reativação deste setor do mercado imobiliário.

“Será um recomeço e acredito que o mercado terá mais fôlego, seja ele popular ou não”, complementa Eli Rodrigues.

Paiva acredita que a busca por novos financiamentos dependerá muito da motivação a ser gerada pelo atual governo federal.

“Apesar de o novo governo ter no histórico números melhores para imóveis populares, a situação econômica de hoje é diferente em comparação com os governos anteriores”, frisou.

Por Correio do Estado

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