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Se a onda de inflação mundo afora fez os bancos centrais de vários países elevarem as taxas de juros neste ano para tentar controlá-la, é possível que suas finanças estejam passando por um momento delicado — ou, pelo menos, uma situação de incerteza em relação ao futuro.
Taxas de juros mais altas encarecem o crédito, dificultando a compra de um carro ou de uma casa, bens que pouquíssimas pessoas podem adquirir sem recorrer a um empréstimo.
E na vida cotidiana, quem se acostumou a usar o cartão de crédito para fazer as compras do dia a dia ou cobrir as contas do mês, agora está pagando juros bem mais altos, especialmente se deixam de pagar uma parcela.
Por outro lado, nos países em que as moedas desvalorizaram em relação ao dólar, os consumidores estão gastando mais dinheiro ao comprar produtos importados.
Em resumo, os próximos meses devem ser difíceis porque, no fim das contas, menos crescimento econômico se traduz em menos empregos.
Perder a calma é algo que não acontece apenas com quem administra o orçamento familiar. Também acontece com pequenos e grandes investidores de Wall Street, centro financeiro de Nova York, que se precipitam em vender ou comprar ações, sendo contagiados pelas decisões de outros players do mercado.
Quando os tempos são difíceis, diz Howard Dvorkin, presidente da consultoria americana Debt.com, “nós nos sentimos impotentes diante de todas as más notícias econômicas, então muitas vezes cometemos erros com nosso dinheiro fazendo movimentos repentinos ou emocionais”.
Se você tem investimentos, Dvorkin aconselha que se o vento não estiver favorável, às vezes vale a pena “fazer pouco ou nada”. Um dos piores cenários, segundo ele, é começar a vender tudo.
“Enquanto outras pessoas entram em pânico, você fará bem em manter a calma. Quando você vive o suficiente, aprende que nem os bons nem os maus momentos duram”, observa.
Seja porque você tem dívidas, seu salário não rende mais como antes, você tem medo de ser demitido ou seus investimentos estão caindo, o pior erro é, de acordo com os especialistas, tomar decisões irracionais motivadas pelo desespero do momento.
Há diversas formas de fazer um orçamento e, sem dúvida, não há uma melhor do que a outra: o importante é encontrar aquela que funciona melhor para você.
Enquanto alguns especialistas preferem fazer uma lista simples de receitas e despesas, outros propõem criar várias colunas para propiciar uma organização mental melhor.
Pode ser a coluna dos rendimentos, acompanhada de outra que diga despesas fixas (para onde vai tudo aquilo que não pode ser eliminado, como aluguel, contas de luz, água, gás, transporte, internet, telefone, supermercado, medicamentos, entre outros).
E, em seguida, você adiciona uma coluna com as dívidas, e uma quarta coluna com todas as coisas não vitais que poderiam, por fim, ser cortadas.
Alguns são adeptos de administrar o orçamento usando aplicativos de celular, outros acham que dá para fazer uma planilha simples no Excel — e há aqueles que se propõem a escrever o orçamento à mão em um pedaço de papel e colar na geladeira.
Se você está passando por uma fase difícil financeiramente e não tem noção dos seus gastos porque nunca fez um orçamento, o básico é imaginar um mapa (ou desenhar um) que mostre onde você está e onde quer chegar, diz Costal.
Esse primeiro passo, ela acrescenta, permitirá que você trace um caminho para alcançar seus objetivos financeiros.
Outra dica que pode te ajudar é dividir o orçamento em três partes, seguindo a regra do 50/30/20.
Destinar 50% do seu salário a despesas fixas, 30% a gastos com lazer (como férias, comprar um celular novo ou ir a um restaurante), e os 20% restantes à poupança.
Embora soe bem, a verdade é que a maioria das pessoas destina grande parte do salário para despesas fixas — e, em muitos casos, só o aluguel já é superior a 50% da receita.
É possível criar então sua própria regra com as porcentagens, de modo que seja mais conveniente para você, para dividir a receita entre as despesas fixas, os gastos com lazer e a poupança.
As dívidas podem ser incluídas nas despesas fixas ou, se você preferir, pode classificá-las como um critério à parte.
Há alguns métodos populares para lidar com o pagamento da dívida, como o “bola de neve” e a “avalanche”. O método bola de neve consiste em ordenar as dívidas da menor para a maior. A ideia é pagar o mínimo de todas elas todos os meses, e colocar todo o dinheiro extra que tiver na menor dívida. Quando essa dívida for quitada, você passa para a segunda menor, sem esquecer de fazer os pagamentos mínimos das demais. No método avalanche, você ordena suas dívidas daquela que tem a maior taxa de juros para a que tem a menor. Depois de fazer os pagamentos mínimos de todas as dívidas, você usa o dinheiro remanescente para pagar a dívida que tem os juros mais altos, e assim por diante até chegar à de juros mais baixos.
Também existe a possibilidade de combinar os dois métodos. Você se concentra primeiro em uma ou duas das menores dívidas, e depois passa para a dívida com a taxa de juros mais alta.
O método bola de neve não parece ser o mais recomendado, mas tem uma grande vantagem: você obtém uma vitória psicológica mais rápido ao pagar a dívida integralmente. Já no método avalanche, você economiza dinheiro a longo prazo, ao se livrar primeiro da dívida com juros mais altos, por isso faz mais sentido do ponto de vista financeiro.
Há outras alternativas, como consolidar as dívidas, o que significa juntar todas sob o mesmo guarda-chuva e começar a pagar um único empréstimo, no qual todas as dívidas estão incluídas de uma vez.
Mas é preciso ter cuidado com esse caminho, e calcular corretamente para que os juros desse novo empréstimo consolidado não sejam maiores do que os juros que você estava pagando antes.
Outra opção é renegociar a dívida com o banco, pedir prorrogações de prazo ou verificar se a instituição financeira oferece alguma outra alternativa para os devedores.
Se você está com problemas financeiros, e as dívidas se acumularam, talvez a parte de economizar pareça algo inalcançável.
No entanto, quem conseguiu arcar com todas as suas despesas, tem a missão de poupar uma parte, por menor que seja.
Há diferentes tipos de poupança. As economias de curto prazo são usadas para cobrir gastos como as próximas férias ou um carro novo. É uma economia específica para um determinado fim desde o início. Depois, tem a poupança de longo prazo, cujo exemplo mais claro é a aposentadoria. E o terceiro tipo de economia é aquele destinado a ter um “fundo de emergência”.
Os especialistas recomendam que esse fundo de emergência seja equivalente a três ou seis vezes o seu salário mensal, pois é um seguro pessoal caso você perca o emprego ou tenha que enfrentar um gasto inesperado com saúde.
Para começar a economizar, o primeiro passo costuma ser o mais difícil, observa Jesús Chávez, diretor de análises da Comissão Nacional de Proteção e Defesa dos Usuários de Serviços Financeiros do México.
“Mesmo que seja pouco dinheiro, é importante economizar”, diz o especialista, advertindo que é preciso tomar algumas precauções.
“Se você guardar em casa, esse dinheiro vai perder poder de compra”, explica. Assim, o melhor a fazer é buscar instrumentos que te permitam conseguir uma rentabilidade próxima ao aumento da inflação.
Se a inflação estiver muito alta, a recomendação é buscar opções de baixo risco para evitar a desvalorização das poupanças.
Embora recebam nomes diferentes, o denominador comum é que você deposita seus fundos por um período de tempo e recebe o rendimento. Como as taxas de juros estão altas, esse pode ser um bom momento.
Se você decidir procurar uma aplicação no banco ou arriscar na bolsa, é preciso ficar atento às taxas e quaisquer outros custos associados que possam incorrer. E, do ponto de vista prático, Lambarena recomenda poupar por meio de uma transferência automática da sua conta bancária. Fazendo assim, é quase impossível que você esqueça de economizar ou caia na tentação de usar aquele dinheiro para uma despesa de consumo — basicamente porque como ele “desaparece” da sua conta bancária, não passa pelas suas mãos.
Com informações de BBC News