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Redação Difusora
Durante encontro, nessa terça-feira, no gabinete do deputado estadual, Zeca do PT, Cláudio César realizou uma ampla entrevista sobre projetos em discussão na Assembleia Legislativa, e demais assuntos relevantes ao desenvolvimento social e econômico no Estado. Zeca destacou o trabalho que leva asfalto aos principais assentamentos rurais no interior do Estado. O parlamentar ainda comentou sobre a Rota bioceânica e outras pautas. Confira a entrevista abaixo, e assista na íntegra no vídeo ao final do texto.
Cláudio César: Deputado, esta semana é uma semana de bastante trabalho. Nós temos aí o projeto de lei do deputado Neno Razuk (PL), sobre proibição da pesca, como é que surgiu essa proposta de audiência?
Zeca do PT – Todo deputado tem direito, claro, prerrogativa, né, para apresentar o projeto que achar que deve. Baseado nisso, é legítima, portanto, a apresentação do projeto que o deputado Neno Razuck (PL) fez. Não sei de onde tirou da cabeça de que deveria apresentar um projeto proibindo a pesca profissional, amadora, nos rios do Mato Grosso do Sul. Na minha opinião, e daqueles que sobrevivem na pesca, os pescadores profissionais, é absolutamente descabida essa proposição, até porque todos os problemas que a pesca tem nos rios, como consequência, por exemplo, da contaminação com venenos da lavoura, isto nunca chamou a atenção do deputado Neno Razuck. Nunca vi ele propor absolutamente nada sobre o Rio Dourados, ele que é exatamente do município da cidade de Dourados. A Federação das Colônias dos Pescadores que sobrevivem da pesca, me procurou. Entendemos que outros segmentos, como o da pesca profissional, bem como os proprietários de pousadas – inclusive minha família é proprietária de uma pousada no Pantanal – sequer foram ouvidos, e defendem a pesca amadora. Nós entendemos que é melhor fazer uma audiência pública para podermos, na amplitude que deve ser, fazer um debate sobre a conveniência ou não da proibição, nós defendemos que seja importante abrir um grande debate através do Conselho Estadual da Pesca, ouvindo os profissionais da pesca profissional, aqueles que sobrevivem e trabalham na pesca amadora e até a pesca desportiva, para a gente transformar isso tudo num projeto de lei definitiva, para ninguém mais mexer numa lei sobre a pesca no Mato Grosso do Sul. E dando tranquilidade. Claro, porque gera uma instabilidade enorme, um projeto de repente aparecendo como esse.
Cláudio César – Sobre a questão do Desenrola, o sr. encontrou com o ministro Paulo Teixeira, como é que foi, isso é uma vitória sua também?
Zeca do PT – Numa das minhas idas à Brasília, naqueles sucessivos programas que o presidente Lula lançou para facilitar a vida do povo mais simples, eu diria, me surgiu a ideia e fiz a sugestão ao ministro Paulo Teixeira, que é um amigo particular, eu fui deputado federal junto com ele. Sugeri que instituísse, opinasse ao presidente Lula, lançar um programa de desenrola para a agricultura familiar. Está aí. A partir da próxima segunda-feira, dia 24, os agricultores da agricultura familiar, entendendo aqueles da reforma agrária, do crédito fundiário, os sitiantes, chacareiros, os indígenas, os quilombolas, podem procurar as instituições financeiras que trabalham com o Programa Nacional de Financiamento, o PRONAT, para solicitar a renegociação, de acordo com o decreto assinado por Lula. Abate até 96% da dívida daqueles que têm, eventualmente, um financiamento do PRONAT ou de outra linha de crédito. Pode também negociar dívida com a Energisa, dívida de telefone, dívida de água, facilitar a vida do povo. Como eu sei, o Banco do Brasil, as cooperativas, talvez a Caixa, mais alguns deles, algumas agências podem dificultar a vida desses trabalhadores da agricultura familiar que, eventualmente, queiram renegociar as suas dívidas. Eu botei embaixo deste informativo que, se quem for negado à renegociação, ligue para o meu telefone, no meu gabinete, que, se for o caso, como presidente da Comissão de Agricultura Familiar Indígena e Quilombola, nós vamos tomar as medidas judiciais cabíveis.
Cláudio César – Eu estive no assentamento 20 de março, em Três Lagoas. É um assentamento onde os assentados da agricultura familiar produzem muito produto, inclusive, fornece para as escolas, fornece para a feira lá em Três Lagoas.
Zeca do PT – É um programa interessante que temos, o TAA, que é o Programa de Aquisição de Alimento. O governo federal financia 1%, 2%, 2,5%, até 0,5%, a agricultura familiar para que se produza comida de boa qualidade, que nós precisamos. O Programa de Aquisição de Alimento compra aquilo que eles produzem para entregar para as comunidades em situação de risco ou de vulnerabilidade. Além do TAA, também tem o PNAE, que é o Programa Nacional da Merenda Escolar, que garante a merenda de qualidade nas escolas públicas.
Cláudio César – O sr. esteve conversando lá com o pessoal da AGESUL o secretário adjunto, a respeito da infraestrutura para a agricultura familiar. Como é que foi?
Zeca do PT – A proposta surgiu quando o governador Ridel, lá em 2022, depois de ganhar o segundo turno do Capitão Contar, nos chamou, PT, a bancada, eu, Pedro Kemp, e finado [deputado] Amarildo, para, reconhecer o papel que o PT teve no segundo turno para que chegasse à vitória, e nos entregou a Agraer e a Secretaria Especial de Agricultura Familiar para comandar. Portanto, primeiro, nós participamos do governo Ridel. Naquela oportunidade, lá no escritório de transição do governador Ridel, disse para ele, olha, você sabe, governador, que foi eu que criei, com toda dificuldade, a Fundersul – Fundersul, que este ano, Cláudio, tem um orçamento de um bilhão, um bilhão e setecentos milhões – falei para ele, o senhor sabe, o governador [Ridel] era presidente da FamaSul, inclusive foi contra, tinha todo direito de ser e apresentaram uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo, perderam e Fundersul foi consolidado. Daí eu disse que queria uma parte do Fundersul para asfaltar as estradas de acesso aos assentamentos. E ele tem correspondido à expectativa. Agora, eu tive a informação semana passada, depois que voltei de Três Lagoas, que em abril começa o asfaltamento, por exemplo, da primeira reivindicação nossa, que é asfaltar a MS-444, que sai de Selvíria, atravessa três ou quatro assentamentos, que tem lá em Selvíria, e vai até a rodovia estadual MS-112, que vem de Cassilândia à Inocência. Também está saindo o asfaltamento de Aquidauana, já anunciado, da estrada que passa pela aldeia Limão Verde dos Terenas e atravessa quatro assentamentos, Indaiá 1, 2, 3 e 4, chegando a ponto Grego, lá no município de Terenos. E a terceira reivindicação, que também está prevista, é asfaltar a estrada que corta o assentamento Itamaraty, criado por mim, no governo nosso, que é o maior assentamento que o Brasil tem, 50 mil hectares, 3 mil famílias assentadas. O asfalto vai cortar o Itamaraty e vai sair no distrito de Itaúm, lá perto de Dourados. É fundamental que a gente, para a agricultura familiar, alicerce um novo momento. Ou seja, estradas, asfalto, garantia do financiamento para o Banco não negar o dinheiro do Pronaf, o selo para que não seja apreendido o produto que produzam pelo Iagro, e com isso, financiamento, a agroindustrialização, para a gente avançar e construir uma agricultura familiar também forte no Mato Grosso do Sul.
Cláudio César – Deputado, vamos falar um pouquinho também sobre o seminário amanhã (19 de fevereiro), da Rota Bioceânica Internacional.
Zeca do PT – Praticamente pronta [a Rota], talvez 60, 70% pronta. Eu estive com o presidente do Paraguai em São Paulo, me encontrei com ele, me pediu para leva o convite para o presidente Lula vir a Porto Murtinho, Lula que já conhece Murtinho, para fazer uma vistoria técnica, na ponte do rio Paraguai. 60% pronta, atravessando o rio Paraguai, fazendo a ligação bioceânica. Essa ideia surgiu aproximadamente 40 anos atrás pelos meus irmãos, o doutor Heitor, já falecido, e o Osório, também falecido, e que naquela época eram tidos como sonhadores, mentirosos, enganadores, enfim, está aí uma realidade. Atravessou para o lado paraguaio, o Chaco paraguaio todinho já é cortado pela bioceânica, e o Paraguai faz a última etapa, de 200 quilômetros, chamada Picada 500, ligando o município de Marechal Estigarribe, a Ponço Ondo, já na divisa com a Argentina. A partir de lá, tudo asfaltado, e você, portanto, vai poder chegar aos portos de Antofagasta e Quique, no Chile, significando isso encurtar em 7.500 quilômetros a distância para o mercado asiático, China, Índia e outros, que compram 70% do chamado commodity do agronegócio, e nós somos grande produtor da carne e de grão, com 15 dias de viagem a menos em alto mar, o que resulta em algo como 40% a menos no custo de transporte. Isso torna o Mato Grosso do Sul o epicentro central no processo de desenvolvimento do Centro Oeste Brasileiro. O seminário vai principalmente discutir a questão da modernização alfandegária, com uma estrutura dessa, uma ligação dessa, inadmissível, isso vai ser resolvido, que um caminhão chegue na fronteira do Brasil com o Paraguai, ou do Paraguai com a Argentina, ou da Argentina com o Chile, que vai atravessar esses 4 países, fique 2, 3, 4, 5, 6 dias, uma semana, para poder desburocratizar, perdendo tempo e perdendo dinheiro. Tem que ser rápido, e é isso que nós queremos discutir no encontro em Campo Grande.
Cláudio César – Deputado, como é que está o movimento lá em Porto Murtinho? Eu vi uma matéria, recentemente, de que tem muitas pessoas indo empreender em Porto Murtinho.
Zeca do PT – Está começando, o Murtinho vai ser um grande centro para exportação e para entrada de produtos. Vão ter centrais de distribuição enormes, por exemplo, todo o pescado que vem do Pacífico vai chegar a Murtinho, vai ser distribuído para o centro-oeste. Comer um peixe do Pacífico fresquinho, da Argentina, do Chile, vão vir por Porto Murtinho, o que significa acelerar muito o processo de desenvolvimento não só de Murtinho, mas dos municípios do sudoeste do nosso Estado.
Cláudio César – Muito bem, agradeço mais uma vez. Sucesso em todos esses eventos. E nós, da Rádio Difusora, não vamos declinar do convite, não. [risos]
Zeca do PT – Não, está feito. Aliás, eu queria agradecer a você e ao pessoal da Difusora a forma carinhosa com que me trataram em Três Lagos a semana passada, inclusive, lá concluí a minha agenda, a visita dos municípios da Costa Leste. Ontem, antes de ontem, cheguei da segunda viagem e fiz cinco municípios no norte do Estado. Sonora, Pedro Gomes, Coxim, Rio Verde e terminei em São Gabriel do Leste. O pessoal perguntou se eu era candidato a governador, eu falei, não, eu gosto de ficar no meio do povo. Muito obrigado mais uma vez.
🗣️ Entrevista com Deputado Zeca do PT: Pesca, Agricultura Familiar e Rota Bioceânica 🎣🌾🚚