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TL apresenta maior índice de mulheres com transtornos relacionados ao trabalho

Nos últimos cinco anos, a saúde mental de servidores estaduais de Mato Grosso do Sul piorou. É o que mostra o último boletim do Cerest-MS (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador) publicado em junho de 2024 e referente ao período de 2019 a 2023. O índice de transtornos mentais notificados ao Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) saltou de 121 para 151 casos no estado, aumento de 26%.

O estudo, pontua que a pandemia de covid-19 foi determinante para o aumento dos registros. Os agentes comunitários de saúde foram os mais afetados com aumento de transtornos relacionados à saúde mental no período analisado. Em seguida aparecem os assistentes administrativos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, agentes de saúde públicos e médicos veterinários.

No setor de comércio, a função que aparece em destaque são os operadores de caixa e faxineiros. Enquanto no setor da educação, os auxiliares de desenvolvimento infantil.

Quanto à faixa etária, pessoas de 20 a 39 anos foram as que mais registraram os casos ao Sinan. Ao todo, foram 224 notificações. A segunda faixa etária que mais aparece é a de pessoas entre 40 e 59 anos, com 205 casos notificados.

Já quanto ao gênero, mulheres lideram o ranking, com 359 casos. Conforme o documento, a microrregião de Três Lagoas foi responsável pelo maior número de registros deste agravo no sexo feminino, com 104 casos notificados.

No período houve a maior notificação em trabalhadores que se autoidentificaram como brancos,  207 casos notificados. Em seguida os autodeclarados pardos, com 180 notificações.

Os maiores causadores dos registros foram os transtornos neurológicos, classificados pelo Tabnet (ferramenta de tabulação desenvolvida pelo DATASUS), como transtorno relacionado com o estresse e somatório com problemas de saúde, (CID:10 F40 – F48). O transtorno foi responsável por 150 das fichas de notificação, seguida pelos transtornos do humor (CID:10 F30 a F39), 120 registros.

Também aparecem na lista síndrome relacionadas a condições de trabalho 37, transtorno mental não especificado 42 e síndrome de Burnout, 12 casos.

Ronaldo de Souza Costa, superintendente Ministério Saúde em Mato Grosso do Sul, ressalta que um dos fatores dos profissionais comunitários aparecerem no topo da lista pode ser justificado pelas condições de trabalho.

“A possibilidade de atuarem com condições de trabalho ruins, pela falta de equipamentos de proteção individual adequados, pela falta de expectativa de evolução na carreira com salário digno ou por atuarem percorrendo as vias a céu aberto, com bolsas pesadas sob sol intenso, chuva e frio”.

Outra condição agravantes, segundo ele, é a forma como trabalho é feito. “Podemos entender que eles trabalham a céu aberto, expostos a uma combinação de fatores de risco (físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos, onde se incluem outros fatores de risco como os de etiologia de transtornos mentais)”.

A reportagem entrou em contato com a Ses (Secretaria de Estado de Saúde) para entender o porquê da categoria aparecer no topo da lista de trabalhadores mais afetadas com transtornos mentais. A secretaria se comprometeu a responder a solicitação, entretanto, até a publicação desta matéria não houve resposta.

Campo Grande News.

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