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Conhecido como ‘a arte marcial da paz’, o Karatê tem data especial de comemoração no calendário mundial. Em 25 de outubro, no mundo todo, é celebrado o Dia Mundial do Karatê. A data foi escolhida por ser a mesma em que – no ano de 1936 – realizou-se um importante encontro com grandes mestres em Okinawa (Japão) para discutir a direção da arte.
Em 25 de outubro de 1936, um encontro histórico foi realizado com os professores de Okinawa, onde decidiram oficialmente mudar o nome de Toudi para Karatê, pois em comum acordo se considerou mais fácil promover o nome de karatê no Japão continental e no mundo.
Além de uma pronúncia mais simples, seu significado teve mais sentido no contexto tangente à arte: “ Mãos Vazias “, estava mais alinhado à abordagem zen da sociedade japonesa moderna. O final “Do” foi adicionado ao nome de Karatê, significando a partir de então uma jornada filosófica de iluminação e não apenas um método de luta para autodefesa.
A cidade já foi palco, este ano no mês de setembro, de uma importante competição chamada de ‘Open Nacional de Karatê’. Organizado pela Associação Zanon de Karatê (AZK), o evento ocorreu no Ginásio Municipal de Esportes “Cacilda Acre Rocha” e contou com apoio da Prefeitura de Três Lagoas, por meio da Secretaria Municipal de Esporte, Juventude e Lazer (SEJUVEL). A competição colocou o Município na rota das grandes disputas de artes marciais do País, sendo inserido no calendário e tabela da Confederação Brasileira de Karatê.
O professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Pedagogia e Licenciaturas e Programa de Pós Graduação da UFMS) Armando Marino de Três Lagoas nos conta, em entrevista, sua relação com o Karatê e como é o esporte. Armando Marino atualmente é psicólogo e professor na UFMS, mas antes disso, trabalhou como marceneiro, açougueiro, em fazenda de agropecuária, e também teve sua própria academia na cidade de Andradina. “Formei vários alunos com o mesmo espírito do Karatê como um caminho para a vida. Posso afirmar que nos momentos mais difíceis da minha vida o Karatê foi fundamental, muito importante para o enfrentamento e superação das contradições. Sou muito grato aos meus professores por todos os ensinamentos que recebi.” – Destacou Armando.
Armando Marino possui graduação em Psicologia pela Universidade Paulista (2003) e pela mesma universidade Licenciatura em Psicologia (2003). Pós-Graduação – Especialização em Violência Doméstica Contra Crianças e Adolescentes pela Universidade de São Paulo – USP/SP (2006). Mestrado, Doutorado e Pós Doutorado em Educação pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Marília SP (2008), com estágio em University of Delaware US com estudos em Dyalogic Pedagogy sob orientação de Eugene Matusov. Professor Adjunto na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Pedagogia e Licenciaturas).
Grupo Difusora: O que é arte marcial?
Armando Marino: Arte marcial é uma estratégia de luta desenvolvida pelas constantes guerras que os homens travaram durante a sua história. Em geral as artes marciais se desenvolveram com a fabricação e desenvolvimento de armas. Quando nos referimos a artes marciais sem o uso de armas ou de armas que vieram da transformação de ferramentas de trabalho como espadas, nunchako, por exemplo, notamos que essas foram desenvolvidas por pessoas, geralmente servos ou escravos, que eram obrigadas pelas circunstâncias a participarem das guerras em desvantagem com os soldados da classe superior. Nesse sentido, usar o próprio corpo, braços, mãos e pernas como armas dão origem às artes de luta corporal que conhecemos hoje em dia como artes marciais.
Grupo Difusora: Como surgiu a arte do karatê?
Armando Marino: O Karatê se desenvolveu na ilha de Okinawa como uma dessas formas de estratégia de defesa pessoal pelo povo oprimido pelas classes dominantes, os samurais. Os moradores da ilha, tendo incorporado técnicas de outras culturas como a China e Índia, desenvolveram a sua própria forma de luta local. O nome Karatê foi atribuído a essa forma de luta quanto Guinchin Funakoshi viajou ao Japão para difundir a sua arte em universidades do país.
Grupo Difusora: Quem pode aprender karatê?
Armando Marino: Todas as pessoas de qualquer idade podem praticar o Karatê para auto defesa, para a manutenção da saúde física, para fortalecimento do caráter, do espírito e como uma filosofia de não agressão. O Karatê pode se associar aos princípios do Bushido, um código ético e moral traduzido como o caminho do guerreiro, nesse sentido esse código também sofreu influências do Zen Budismo. Para mim, alguns preceitos são fundamentais: criar uma cultura de paz e não violência, ainda que se tenha poder para destruir os outros; sempre evitar o confronto “o melhor guerreiro é aquele que nunca precisou sacar a sua espada”; em caso de confronto não lutar contra o outro, mas com ele.
Grupo Difusora: Quais estilos o karatê possui?
Armando Marino: São vários os estilos de Karatê: Goju-Ryu, Shotokan, Wado-Ryu, Shito-Ryu e Shorin-Ryu, o estilo a que me referi, de Guinchin Funakoshi é o ShotoKan. Todos eles, aqueles tradicionais, têm a mesma origem histórica como forma de defesa pessoal.
Grupo Difusora: Como conheceu o esporte e há quanto tempo pratica?
Armando Marino: Eu iniciei no Karatê Shotokan com o Sensei Satoshi Natsume em Araçatuba em 1975, na antiga academia de Judo Mori. Posteriormente eu pratiquei, por um tempo, o Karatê Kyokushinkaykan, na cidade de Campinas e depois voltei para o Shotokan com o professor Kazuo Nagamine, em Rio Preto.
Grupo Difusora: O que te despertou o interesse nessa prática?
Armando Marino: O interesse pela prática começou quando pela primeira vez eu vi na televisão um programa de Kung Fu, que assistia sem perder nenhum episódio. Na primeira oportunidade me filiei à academia e comecei a treinar todos os dias. O Karatê sempre me fez muito bem, tanto física como espiritualmente. Por isso mesmo, nunca precisei entrar em confronto com ninguém e aprendi a orientar a minha vida pelo princípio da não violência.